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TUDO SOBRE REDAÇÃO


CRÔNICA



A palavra crônica vem do latim Chronica, cujo significado é “registro de fatos comuns, feitos em ordem cronológica”. Em épocas passadas, designava qualquer documento de caráter histórico. Por isso, a quem hoje se dá o nome de historiador, antigamente era chamado de cronista.

Hoje, crônica é um termo usado para definir um gênero narrativo ou reflexivo breve, episódico e comunicativo. A crônica se caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa dose de humor e de reflexão existencial. Contém passagens líricas e comentários de interesse social e a linguagem é, quase sempre, coloquial e irreverente.

A crônica procura contar ou comentar histórias da vida, histórias que podem ter acontecido com qualquer um. O interesse será despertado pela escolha das palavras e pelo modo como elas serão colocadas, fazendo-nos conferir, pensar, refletir, questionar e entender melhor o que se passa dentro e fora da gente.



Tipos de crônica: As crônicas podem ser classificadas em descritivas, narrativas, narrativo-descritivas, líricas, reflexivas e críticas. Normalmente, em sua maioria, as crônicas são híbridas, mas nunca deixam de conter reflexões e comentários.

· Crônica descritiva: predomina a caracterização de elementos no espaço. Os cinco sentidos são utilizados, assim com a linguagem metafórica e adjetivação abundante.

· Crônica narrativo-descritiva: predomina a narração. A descrição se restringe ao cenário e aos personagens.

· Crônica lírica: linguagem poética e metafórica, predominam a emoção e o sentimento.

· Crônica metalingüística: fala sobre o próprio ato de escrever, de criar e fazer literatura.

· Crônica reflexiva: Contém reflexões filosóficas. Procura analisar os assuntos e situações de maneira objetiva.



DISSERTAÇÃO x CRÔNICA REFLEXIVA



A crônica reflexiva e a dissertação se aproximam no conteúdo, mas se distinguem na forma:



DISSERTAÇÃO

CRÔNICA REFLEXIVA


· Estrutura definida (tese, argumenta-
ção e conclusão)
· Prevalece a norma culta
· Discute a idéia através da argumen-
tação
· A dissertação analisa e discute

· Não há preocupação formal
· A linguagem pode ser coloquial e irreverente
· A crítica, o humor e o lirismo refletem o intimismo do autor, que compartilha suas idéias com o leitor
· A crônica comenta a situação





Crônica e Ovo


A discussão sobre o que é, exatamente, crônica é quase tão antiga quanto aquela sobre a.genealogia da galinha. Se um texto é crônica, conto ou outra coisa interessa aos estudiosos da literatura assim como se o que nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha a zoólogos, geneticistas, historiadores , e (suponho) o galo, mas não deve preocupar nem o produtor nem o consumidor. Nem a mim nem a você.

Eu me coloco na posição da galinha. Sem piadas, por favor. Duvido que a galinha tenha uma teoria sobre o ovo, ou, na hora de bota-lo qualquer tipo de hesitação filosófica. Se tivesse, provavelmente não botaria o ovo: É da sua natureza botar ovos, ela jamais se pergunta, “Meu Deus, o que eu estou fazendo?”. Da mesma forma que o escritor diante do papel branco (ou, hoje em dia, na frente da tela do computador) não pode ficar se policiando para só “botar” textos que se enquadrem em alguma definição técnica de “crônica”. O que aparecer é crônica.

Há uma diferença entre o cronista e a galinha, além das óbvias (a galinha é menor e mais nervosa). Por uma questão funcional, o ovo tem sempre o mesmo formato, coincidentemente oval. O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites: mas está livre para produzir seus ovos em qualquer formato. Existem textos classificados como contos, paródias, outros que são puros exercícios de estilo ou simples anedotas e até alguns que se sub­metem ao conceito acadêmico de crônica. Ao contrário da galinha, podemos decidir se o ovo do dia será listrado, fosforescente ou quadrado.

Você, que é o consumidor do ovo e do texto, só tem que saboreá-­lo e decidir se é bom ou ruim, não se é crônica ou não é. Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes, mexidos... Você só precisa de um bom apetite.



Luis Fernando Veríssimo


 

 

 

PROPOSTA DE REDAÇÃO: CRÔNICA (MANCHETES)

“Ladrões levam obras de Picasso,
Di Cavalcanti e Segall da Estação Pinacoteca”
Folha Online, 12/06/2008

“Assaltantes fazem arrastão em condomínio
em Itapecerica da Serra (SP)”
Folha Online, 17/11/2008

“Presidiário escapa de cadeia escondido
em malote na Alemanha”
Folha Online, 14/11/2008


Escolha UMA das manchetes acima e REDIJA uma crônica em que você apresente, dentro da estrutura narrativa, uma crítica ao comportamento do homem contemporâneo.

Lembre-se de que as figuras de linguagem (ironia, metáfora, metonímia, etc.), elementos geradores de humor, cenas curtas, pouca variação de espaço são recursos muito bem-vindos ao gênero requerido.

LIMITE: de 20 a 25 linhas